terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Hasta luego, Madrid





Acabo de chegar a Buenos Aires, de umas mini férias de 15 dias em Madri. Ansiava revê-la. Vivia a ansiedade de una novia enamorada que imaginava como estaria o ser querido depois de sua ausência. Que mudanças teria sofrido? Também haveria sentido a minha partida? Infelizmente, Madri não tem vivido seus melhores momentos e não seria EU nem muito menos a minha visita a resposta para o seu tormento. A “crise”, tão cruelmente vivida principalmente durante esse ano em que eu estive entre Argentina e Brasil, quase consegue tirar o protagonismo do reencontro.

 Quase. Com olhos mais atentos, e a maturidade que só o tempo e a distância são capazes de proporcionar, se pode ver claramente que Madrid continua a mesma, linda e interessante, com todas suas contradições. Às vezes cruel com um desavisado que simplesmente busca uma informação, às vezes doce e maternal surpreendentemente no momento mais inesperado.  Porém, sempre sincera.
“Salir de tapas” –sair de bar em bar – continua un gusto! E pelas calles – ruas – seguem as mesmas miradas espantadas, críticas e abusadas por um lado, e por outro, divertidas e sarcásticas. Madrid tem um humor fino e rude a la vez – ao mesmo tempo –que pode despertar tudo menos indiferença.  


Os 3 anos em terras espanholas foram intensos. No início, ameaçador e sofrido – na verdade, “NO” foi a palavra que mais imediatamente compreendi em língua espanhola, com todas suas diferentes entonações e possibilidades (ou impossibilidades). Um pouco dessa experiência tentei explicar aqui, sobretudo no primeiro ano do blog. Tempos depois encontrei uma Madri mais doce, acolhedora e inclusiva. Tudo ao contrário que à primeira vista. Pouco a pouco, descobri a dinâmica local e tentei tirar proveito do que me apresentava de revelador.  Foi uma aventura!

Agora, ficam as lembranças. Só me resta dizer: - Bom te ver de novo, Madrid. Os momentos em que passamos juntas agora e antes vão ficar pra sempre marcados na nossa memória. Espero que no nosso próximo encontro me contes que saístes Desta para Uma muito melhor; fortalecida e otimista. Te quiero, querida. Hasta luego y ¡cuídate mucho! 



domingo, 13 de novembro de 2011

Do que um estrangeiro precisa

A Casa Rosada - Buenos Aires (sede do governo argentino)

Tivemos uma boa recepção desde que chegamos a Buenos Aires. Sempre que conhecemos alguém, é muito comum ouvirmos "- Olha, do que você precisar, é só ligar, que estou à disposição para o que for."

No início, era um alívio ouvir isso. Saber que tinha carta branca para chamar quando necessário. No entanto, as "dúvidas" principais foram solucionadas com uma boa Relocation (empresa contratada pela empresa do meu marido para adaptar a família expatriada). Entre outras coisas, uma Relocation te ajuda a decidir qual bairro você vai morar, te ajuda a buscar casa com uma boa imobiliária, escola de filho, indicações de médicos e dos mais variados serviços.

Quando vivíamos em Madri, a Relocation contratada pela empresa era um zero à esquerda, horrível, muito mal resolveu a parte burocrática que se refere aos papéis de permanência no país. Aqui, felizmente, nos deparamos com um bom serviço. Assim, na verdade não tenho bons motivos para ligar para ninguém pedindo ajuda. Os problemas que temos são naturais do processo e dependem de tempo para se acomodarem.

Significa dizer que esse tipo de ligação, para pedir ajuda por algo, a princípio, não haverá. No entanto, necessitamos muitíssimo socializar-nos, fazer amigos e conviver com as pessoas daqui. Outro dia, quando me perguntaram de novo, respondi que do que eu precisava mesmo era de um café, sair para tomar um café. Senti que a pessoa que me perguntou não esperava essa resposta e pareceu em pane, coitada. Ainda por cima fiquei de ligar para marcar a ocasião. A pobre da moça deve tremer de ansiedade quando vir uma ligação minha...  :)

É que a experiencia me diz que na maioria das vezes a iniciativa tem que partir do próprio estrangeiro. As pessoas em geral estão tão metidas na sua rotina que não se dão conta, ou preferem não sair da sua zona de conforto. Significa dizer que se se vai viver em outro país com a família, é necessário tentar superar qualquer timidez, ligar para as pessoas, convidá-las e vencer o medo de incomodar. Não é fácil, no entanto. Essas coisas tenho dito para mim mesma. O mais comum é estar "pisando em ovos".

Sinceramente, do que um estrangeiro precisa é o que qualquer pessoa precisa: sentir-se em casa. Estar cómodo, ter seus filhos bem adaptados no colegio, ter bons amigos e uma rotina agradável. Se alguém quer realmente ajudar, deveria começar tentando conhecer melhor esse estrangeiro e sua família, convidar para sair e estar por perto. Nessas ocasiões, é comum se descobrir afinidades e com isso se estabelecer algum tipo de convivência agradável e beneficiosa para ambos.

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Ser estrangeiro - Parte 2


Acho que aos poucos ser estrangeiro passa a ser mais um estado de espírito do que uma questão de geografia. É uma sensação de deslocamento, de não pertencimento. Acabo de voltar do Brasil e nunca foi tão forte esse sentimento, o de “estar sem estar, de ser mas não ser”.  As idas ao Mundo de lá (Brasil) são sempre precedidas por ansiedade, felicidade e expectativa; a tão famosa necessidade de regressar de Saramago. No entanto, é óbvio que pelo menos por enquanto aquele também não é o meu mundo. Depois de quase 4 anos fora, tudo provoca uma estranheza. Algumas questões práticas amplificam essa sensação, como o fato de que a pequena estrutura que contamos no Recife é proporcionada pelos familiares, quero dizer, não é nossa de verdade:  carro, celular, casa... Além disso, por opção nossa, cada vez mais as idas ao Brasil se resumem a compartilhar da companhia dos familiares mais próximos, restando pouco tempo para curtir a praia, redescobrir a cidade, rever velhos amigos. A cada ida, vivemos uma angústia entre estar mais tempo com a família, rever todos que gostaríamos ou ter o tempo livre sem uma agenda abarrotada de compromissos. Estar longe é difícil, mas estar perto nestas condições também é. Apesar disso, tão logo voltamos a Buenos Aires, a saudade começa a apertar, e já começamos a programar nossa ida ao Brasil para o mais breve possível, ansiando novamente que chegue o grande dia e que possamos mais uma vez abraçar e estar perto das pessoas que amamos. É, pensando bem, nisso a estrangeirice é menor... esses arroubos afetivos são bem coisa de brasileiro.

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Eles, os amigos

Desde que nos mudamos para Madrid, estabelecemos que toda sexta-feira à noite, pelo menos na sexta, sairíamos para um bar, restaurante, teatro, cinema, enfim... O que não excluiria a possibilidade de sairmos outro dia da semana. No entanto, a sexta-feira é sagrada. Uma noite na semana sem filhos.

Quem já morou na Europa sabe que isso é um luxo, não é fácil organizar uma canguro para ficar com os filhos, o que em geral também é caro. Por isso mesmo, existe uma rede de solidariedade entre os amigos que tem filhos, cujos pais se revezam cuidando dos filhos uns dos outros, ou contam com a família. Ainda assim, é algo esporádico. Até nisso me considero uma pessoa de sorte, encontramos uma brasileira que possibilitava a mordomia.

De volta a América do Sul, voltamos a seguir a mesma rotina das sextas-feiras. Pois bem, na sexta-feira passada, quando já estávamos a caminho de algum bar em Dardo Rocha, um pouco entediados por uma semana difícil e chuvosa em Buenos Aires, estritamente voltada para o binômio trabalho-família, recebemos um convite para jantar na casa de uma vizinha, que também é mãe de um coleguinha da escola do meu filho maior. Foi difícil conter a "ansiedade". Explico-me. Não foi a primeira vez que fomos convidados para a casa de alguém aqui, mas nesses 3 meses realmente não foram muitos os convites - nem poderiam ser. De todas formas, esse foi o primeiro convite realmente CONQUISTADO, vindo de gente que conhecemos depois que chegamos, sem nenhuma "obrigação" social para conosco.


Fomos entusiasmados para o encontro e passamos agradáveis momentos. Espero que seja o início de uma amizade duradoura. Percebo mais claramente que criar relações de amizade, realmente afetivas, de maneira que possamos compartilhar experiências e sentimentos, é um aspecto-chave para qualquer adaptação.  Independente de como seja o país em que se vai viver como expatriado, independente da sua casa, da infra-estrutura local, o mais importante é conectar-se com sua gente. Foi devido a Eles, os amigos, que nossa experiencia em Madri foi tão prazerosa, e parece que serão mais uma vez Eles, os amigos (que ainda não conquistamos), que também nos salvarão no Mundo de cá.

domingo, 9 de outubro de 2011

A adaptação a um novo país



Quando se fala sobre a adaptação a um novo país, sobretudo quando se muda com a família, muitos são os fatores que pesam. Construir novas relações, criar novos hábitos, entender os códigos de conduta locais, adaptar-se a um novo estilo de vida e cultura, aprender a deslocar-se, enfim, tudo isso é importante para voltar a sentir-se emocionalmente cômodo no novo ambiente. No entanto, é indispensável que o lado prático da experiência também esteja resolvido para se ter uma rotina relativamente normal: documentos de permanência no país, plano de saúde, carro, telefone em casa, celular, conta em banco, reaprender a fazer supermercado, etc.

Antes de se viver uma experiência desse tipo, temos a impressão de que basta ter os meios financeiros para resolver essas coisas e pronto. No entanto, não é verdade. Não foi assim em Madri e não está sendo por aqui. Em Buenos Aires, estamos vivendo o seguinte... por partes:

- Carro - Devido ao limite de importações imposto pelo governo Kirchner só podemos comprar o carro que estiver disponível no momento no mercado. Ainda assim, um mínimo de um mês é necessário. Em raras ocasiões pode-se conseguir antes. Resultado, estamos a pé até que chegue o carro comprado (menos meu marido que tem um carro da empresa). Quando se está com a família, tendo que levar filho em escola, fazer supermercado e tudo o mais, é um transtorno. Alugamos um carro por um período, mas agora temos que ir nos virando com táxi ou remis (serviço similar), pois percebemos que é mais barato. Não podemos depender de transporte público, que é ruim como no Brasil, diferentemente do da Espanha, que é de excelente qualidade.

- Celular - tem que ser pré-pago até que eu tenha o DNI (RG) da Argentina (também é necessário o DNI para se abrir conta em banco). Quando mais preciso, termina o crédito - um estresse!

- Telefone em casa - há mais de um mês que pedimos e por algum motivo desconhecido ainda nao foi instalado. A Telefônica é ruim em qualquer lugar, também era horrível em Madri. Quando se tem filho pequeno, um telefone em casa é importante.

- Plano de saúde - temos um seguro internacional que funciona bem mediante reembolso. Ainda estamos decidindo, mas o mais provável é que a gente faça um plano de saúde por aqui que é o comum na classe média. Em Madri, utilizávamos o sistema público de saúde, que é excelente.

- Documentos de permanência - Tentamos por aqui para mim e meus dois filhos e conseguimos marcar a entrevista para fevereiro do próximo ano. O meu marido, que veio a trabalho, retirou o dele em um mês. Também é verdade que ñ priorizamos o tema. Em Madri também demorou. Enquanto isso, eu e os meninos estamos com visto de turista e temos que sair do país de 3 em 3 meses - boa desculpa para irmos ao Brasil agora em outubro.

Outras cositas:
- Deslocamento de carro - até se conhecer um pouco mais, só é possível com GPS. Mesmo assim, uma vizinha me comentou que só transitasse por locais mais movimentados porque é perigoso;

- Fazer compras no supermercado - as marcas são parecidas com as disponíveis no Brasil, no entanto, devido ao limite de importações predominam marcas locais. Também tenho que aprender os nomes dos cortes das carnes (por enquanto, tenho a sorte de estar com a minha sogra em casa, que se ocupa do tema). Sinceramente, atualmente creio que temos à disposição no Brasil produtos de melhor qualidade. Em Madrid, tudo é muito diferente, mas também é mais prático porque tudo é pensado imaginando-se que não se tem um empregado em casa à disposição.

- Assinatura de jornal - só se tiver um cartão de crédito local, que depende necessariamente de se ter uma conta corrente por aqui, que por sua vez depende de se ter o DNI argentino (RG). Em Madrid, é raríssimo que alguém assine jornal em casa (a explicação daria outro longo post).

Bom, a maioria dessas coisas ainda não solucionamos. Signfica dizer que até então vivemos alguns pequenos (e às vezes grandes) estresses diários. A recomendação é, mais uma vez, ter paciência e bom humor. Quando falta algum dos dois ou os dois, surge a tão famosa vontade de voltar.

terça-feira, 4 de outubro de 2011

A caixa da paciência

Chegaram nossas malas (caixas) de Madrid. É que nossa mudança veio de navio e levou dois meses no trajeto até Buenos Aires. Felizmente, dessa vez demorou exatamente o tempo programado. Quando nos mudamos do Brasil pra Espanha, nossas coisas - móveis, utensilios de cozinha, álbuns, livros, brinquedos, enxoval de cama, mesa e banho - levaram 6 meses para chegar. Passamos um bom tempo com uma cama na sala, que fazíamos de sofá para assistirmos à televisao. Quando chegaram, já haviamos comprado o básico no baratíssimo IKEA e nem nos lembrávamos mais do que havia na bagagem.

Essa é minha segunda experiência de mudança de país e percebo que dessa segunda vez encarei com menos ansiedade a falta das minhas coisas. O tempo vai passando e a gente vai desapegando. Valorizo mais as fotos e pequenas lembranças que compro em cada lugar que vou. Elas me fazem lembrar de acontecimentos mais relevantes; onde estava, como me senti... fazem com que passe um pequeno filme na minha cabeça. Se tivessem dito que o navio tinha afundado com tudo, seguramente teria lamentado bastante, mas de pouca coisa eu sentiria realmente falta...

Ainda assim, é divertido remontar uma casa. Minha "diversão" atual é abrir caixas. E percebo que pouco a pouco vou redescobrindo meus objetos. Cada um conta um pouquinho da nossa história. Têm as caixas da saudade, com objetos de decoração do Brasil e de Madri; as caixass da chatice, com os utensílios de cozinha; as caixas do incompleto, com o material do meu doutorado; as caixas do "novo amor" com as coisinhas do meu segundo filho de apenas 3 meses; as caixas do antigo novo amor, com as coisas do meu primeiro filho de 9 anos; as caixas do primeiro amor, com as referências do namoro, noivado e casamento; as caixas da aventura, com panfletos, fotos e objetos de viagens; as caixas do esquecido, com as cifras de músicas para violão; as caixas da amizade, sobretudo com as lembranças do antigo trabalho; as caixas da desilusão, com projetos incompletos, recortes de jornal e  revistas e referências de sonhos não concretizados; as caixas do conhecimento, com os livros sobre os mais diversos temas; as caixas da diversão, com cds, dvds... Mas sem dúvida predominam as caixas da saudade e do supérfluo, com tantas coisas que acumulamos que realmente não necessitamos.

Bom, a reorganização e decoração do novo ambiente ajuda no processo de adaptação. Nossas coisas de certa forma têm a nossa cara e essa identidade faz com que a gente se sinta mais em casa. Bom, de todas formas é cansativo e ainda falta toda uma semana de organização... Agora mesmo estou procurando a caixa da paciência, ela precisa estar em algum lugar dessa casa.

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Uma estranha em meu jardim



Nasceu uma flor no meu jardim. Não sei se poderia classificar o que tenho hoje como um jardim (ainda), já que ele está mais para um matagal do que qualquer outra coisa, mas o fato é que nasceu uma bela flor assim do nada, do dia pra noite. De repente ela estava ali. Como não há nenhuma outra da sua espécie, ela se parece mais com uma  intrusa... (ou seria uma estrangeira?!). Por muito pouco não me virei e lhe disse que deveria ter me pedido permissão para aparecer assim na "minha" propriedade, sem mais.  E logo eu que não entendo nada de flor! Por muito pouco não lhe fiz um interrogatório para entender de onde ela vem e o que veio fazer aqui... Me senti meio esquisita cogitando uma conversação com uma flor... pero bueno... Será que ela também nao se sente assim meio esquisita?, será que ñao tem dúvidas se é bem vinda? Com tanto lugar para estar... Enquanto durar essa relação (afinal, o natural é que ela se vá antes de mim - espero), estamos meio desconfiadas uma com a outra. Demorei a perceber que ela traz um novo colorido ao ambiente, um tom mais alegre à monótona paisagem. E ela, o que será que espera de mim? Cuidá-la, talvez? E assim estamos, distantes e confusas.

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Ser estrangeiro - Parte I

Ser um (recém) estrangeiro é...

Estar sempre cometendo gafes;
Ser identificado pela nacionalidade ("aquella chica, la brasileña");
Buscar sempre um sorriso na esperança de uma amizade;
Nunca saber se cometeu algum erro de concordância no outro idioma (como mínimo);
Perder-se, quase sempre (achar-se, quase nunca);
Ficar ansioso quando toca o celular e não é o marido (pode ser uma das duas únicas pessoas que também têm o seu número e quem sabe vai te convidar pra alguma coisa, qualquer uma vale);
Contar os dias pra visitar a terra natal ou o último lugar em que viveu (Brasil ou Madrid);
Viciar-se em facebook, twitter e tudo o mais que possibilite um relacionamento social;
Estar sempre por dentro do câmbio e convertendo a moeda local;
Aprender mais sobre o lugar de origem porque sempre te perguntam coisas que você nunca teve curiosidade em saber...

Recomeço

Como é difícil recomeçar qualquer coisa! Seja um novo emprego, um novo amor, criar um filho, uma nova casa, uma nova vida em um outro lugar... um blog... e quando algumas dessas coisas recomeçam juntas, recomeça o caos!

Com mais ou menos complexidade, recomeçar é sempre um tema difícil... Está intrínseco ao recomeço a idéia do novo, da mudança... O recomeço envolve todo o peso do "começo" misturado com o cansaço do "re". É toda a carga do novo misturada com o revival do "de novo".

E por falar em recomeçar, está recomeçando a primavera. Com um clima mais quentinho aqui em Buenos Aires, meu recomeço tende a ser mais florido, colorido e doce. Também é típico dos recomeços o despertar da esperança, aquela que sempre dá o ar de sua graça quando mais se precisa. Espero que ela pouse bem muito no meu jardim. O mundo de cá agradece.

sábado, 17 de setembro de 2011

O Momento de Voltar




Eu voltei!...


Tudo estava igual
Como era antes
Quase nada se modificou
Acho que só eu mesmo mudei
E voltei!...

Pois é. Aqui estou eu. De novo na blogosfera. Agora, em novo mundo: Buenos Aires. Mais estrangeira do que nunca. Deixei Madrid em maio deste ano, tive meu segundo filho em junho no Brasil e vim viver na Argentina há um mês. Continuarei meu doutorado em algum momento, a distância e...

Enfim... Eu voltei pr'as coisas que eu deixei
Eu voltei!...

Tentando mais uma vez adaptar-me.
Tal como Roberto Carlos, fui abrindo a porta devagar, mas deixei a luz entrar primeiro...
Todo meu passado iluminei,
E entrei!...

Meu retrato ainda na parede
Meio amarelado pelo tempo
Como a perguntar
Por onde andei?

E eu falei!...
"Onde andei!
Não deu para ficar..."

Eu voltei!...

Sem saber depois de tanto tempo
Se havia alguém a minha espera
Passos indecisos caminhei
E parei!...
(...) Tanto quis dizer e não falei
E chorei!...

(Trechos da composição O Portão de Roberto Carlos / Erasmo Carlos)

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Neuromarketing. La Emoción y los Marcadores Somáticos: Un Modelo de Decisión de Compra

Parei de escrever neste blog num momento crítico em que estava terminando o meu projeto de tese de doutorado  (DEA ou tesina) sobre neuromarketing pela Universidade Complutense de Madrid. Falei sobre o tema aqui e em tantos outros posts. Finalmente o defendi em setembro de 2010. O título parece coisa do outro mundo, mas na verdade é a proposta de um modelo de decisão de compra com base no conhecimento mais aprofundado do comportamento do consumidor, desde uma perspectiva da neurologia afetiva. Bom, creio que não facilitei muito a compreensão...aos que entendem um pouco de espanhol e têm interesse, boa leitura. Para dar uma idéia mais precisa sobre o que é, seguem a capa, uma breve apresentação e o índice (bom, e o projeto completo se encontra no link acima).

UNIVERSIDAD COMPLUTENSE DE MADRID
DEPARTAMENTO DE COMERCIALIZACION E INVESTIGACION DE MERCADOS
PROGRAMA DE DOCTORADO – PROYECTO DE TÉSIS DOCTORAL
La Emoción y los Marcadores Somáticos: Un Modelo de Decisión de Compra

Realizado por:
CRISTINA MARIA ALCANTARA DE BRITO VIEITEZ

Bajo la dirección de:
DR. VICTOR MANUEL MOLERO AYALA

Madrid, Septiembre 2010

Apresentación
Este proyecto intentará proponer un modelo que haga comprender mejor los éxitos (toma de decisión de compra) y fracasos (toma de decisión de NO compra, o rechazo) de estímulos comerciales, con una perspectiva novedosa basada en los recientes estudios sobre las emociones (la Neurología Afectiva) y su influencia sobre el comportamiento del consumidor.

INDICE
1. BREVE RESUMEN DEL PROYECTO DE INVESTIGACIÓN
1.1. Planteamiento del Problema y Objetivos de la Investigación
1.2. Relevancia del Tema
2. DESCRIPCIÓN GENERAL DEL PROYECTO
2.1. Campo Temático
2.1.1. El Neuromarketing y el Mundo de las Emociones
2.1.2. El Neuromarketing y la Evolución
2.1.3. El Hombre Racional
2.1.4. Somos. Después, Pensamos
2.1.5. El Caballo Olvidado de Platón
2.1.6. La Decisión Emocional
2.2. Marco Teórico y Conceptual
2.2.1. El Comportamiento del Consumidor
2.2.2.Las Decisiones de Compra
2.2.3. La Mente y El Comportamiento del Consumidor
2.2.4. La Teoría de las Evaluaciones Cognitivas
2.2.5 Las Emociones y El Comportamiento del Consumidor
2.2.6 El Cerebro Humano y Las Decisiones
2.2.7 La Neurología Afectiva y El Marketing
2.2.8 Los Marcadores Somáticos
2.2.9 Los Descubrimientos de la Neurociencia Experimental en las Decisiones de compra
2.3. Principales Cuestiones a Investigar
3. METODOLOGÍA DE LA INVESTIGACIÓN
3.1. Resultados Esperados
3.2. Plan de Trabajo
3.3. Limitaciones de La Investigación
4. CONCLUSIONES
5. GLOSARIO DE NEUROANATOMÍA
6. BIBLIOGRAFÍA
7. ANEXO I: ÍNDICE DE FIGURAS Y TABLAS

sábado, 8 de maio de 2010

FIM ou Ponto-e-Vírgula ?!

Há momentos para tudo. Momentos para sonhar, para vivenciar; momentos para acordar e recordar; há momentos de partir e outros para voltar... Em havendo todos esses momentos e tantos outros, há um momento, em especial, que já faz algum tempo que estou adiando, mas é chegada a hora! O momento de calar. Não assim tão imediatamente, se não esse texto teria terminado no “.” – ponto – anterior, que deveria ter sido o ponto final (odeio pontos finais!!). Mas como já disse, tenho adiado ao máximo esse momento, e não é porque ele chegou que vou me dar por vencida assim tão prontamente. Vou me estender um bocadinho… para desfrutar mais desse momento, por mais contraditório que possa parecer. O momento de calar que se aproxima não é devido à falta do que dizer, ao contrário, sinto que ainda tenho tanto a dizer que às vezes não me contenho em mim mesma. Me pergunto o que mudou. De certa forma, continuo exatamente a mesma: eternamente estrangeira, profissional, estudante, ""o exotérico" de Gil e do início do blog, mãe, mulher, filha, irmã, amiga, e Metade de tudo um pouco, mas sinto que a introspecção chega – a mim – em boa hora (construção sintática meio espanhola, “pero bueno...”). Tô meio  “pensamiento” puro. Tenho uma excelente "excusa": “La Tesina” ou projeto de tese, mas seguramente, é mais do que isso, já não tenho a mesma motivação! Quero viver outras coisas (sim, isto aqui também é uma forma de vivência) e para isso devo estabelecer um marco -  apesar de haver toda uma filosofia contrária aos marcos. Assumo o "marco", necessito calar, e preciso fazê-lo solenemente. Muitos param um tempo de escrever, depois se modernizam, mudam de assunto, e assim se reinventam e continuam o blog. Quero fechar um ciclo, o que implica silenciar, e silenciar oficialmente (e falando muito até o último suspiro).
Todo fim de ciclo, tem a sua dor. É doído escrever sobre esse momento, e por isso tenho adiado tanto oficializá-lo, embora já há algum tempo que tenho sinalizado para mim mesma e para você que me lê, que Ele, o momento, está chegando. Talvez não seja um momento de ponto final, mas um grande ponto-e-vírgula – mais uma vez resistindo em terminá-lo... Coragem, Cristina – a estrangeira é mais resoluta!!!
Aos que se interessarem, sugiro a leitura ou releitura do blog seguindo a sua cronologia histórica, e talvez a necessidade do meu “ ; ” dispense explicações. Sem mais delongas, com um pouco de dor no peito, a estrangeira se despede, por ora, para poder vivenciar outros momentos, e quem sabe poder, mais “adelante”, voltar a escrever, compartilhar e viver outros bons momentos na blogosfera… De momento, só o tilintar do vento na janela, um sopro de vida que me lembra Clarice Lispector e um fim doloroso (pura redundância!), mas necessário e desejado ;

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Karina Buhr diretamente para a Espanha

De Pernambuco para o mundo. Depois do Comadre Florzinha, Karina Buhr se reencontra em carreira sólo. Boa música. Aproveite e disfrute da entrevista da pernambucaníssima, justo em seguida.
Eita saudade dessa terrinha!

terça-feira, 20 de abril de 2010

Contra o fumo


Gente, como se fuma por aqui! Felizmente, a primavera começa a "dar realmente o ar de sua graça"e as "terrazas" voltam a ser uma opção: bares e restaurantes põem suas mesas do lado de fora e podemos respirar ar puro, sem morrer de frio. A maioria dos bares e restaurantes permite fumar, e muitos não têm área específica para fumantes em seus espaços internos - o que, vamos combinar, se é pequeno o ambiente, tampouco resolveria. Na Espanha, a lei anti-fumo só se aplica a bares acima de 100 metros quadrados, ou seja, em 80% dos bares espanhóis quem decide é o proprietário, que em geral permite o fumo.

Me assusta quando vejo adolescentes fumando, mulheres grávidas, mulheres com filhos pequenos...Generalizar sempre é um risco, mas eu diria que vejo com freqüência todo tipo de gente fumando, sem critério, cuidado ou respeito, e como além de eu não suportar fumaça também sou alérgica, estou sempre observando os ambientes e medindo o "fumacê".

Sei que a tolerância quanto ao fumo não é um fenômeno apenas espanhol, mas seguramente há uma campanha anti-fumo CONTUNDENTE (aqui também há campanhas e advertências, mas creio que de forma bem mais leve). Por aqui, percebo uma aceitação social e um abrandamento de normas. Lamentável!

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Fernando Pessoa, para mis queridos espanhóis (españoles)

Torre de Belém, ao entardecer (Lisboa)
Ainda no auge da volta da viagem à Lisboa, inevitável não publicá-lo mais uma vez, Fernando Pessoa, desta vez, em espanhol: "Tabaquería":
"No soy nada.
Nunca seré nada.
No puedo querer ser nada.
Aparte de esto, tengo en mí todos los sueños del mundo.


Ventanas de mi cuarto,
de mi cuarto de uno de los millones de gente que nadie sabe quién es
(y si supiesen quién es, ¿qué sabrían?),
dais al misterio de una calle constantemente cruzada por la gente,
a una calle inaccesible a todos los pensamientos,
real, imposiblemente real, evidente, desconocidamente evidente,
con el misterio de las cosas por lo bajo de las piedras y los seres,
con la muerte poniendo humedad en las paredes y cabellos blancos en los hombres,
con el Destino conduciendo el carro de todo por la carretera de nada.


Hoy estoy vencido, como si supiera la verdad.
Hoy estoy lúcido, como si estuviese a punto de morirme
y no tuviese otra fraternidad con las cosas
que una despedida, volviéndose esta casa y este lado de la calle
la fila de vagones de un tren, y una partida pintada
desde dentro de mi cabeza,
y una sacudida de mis nervios y un crujir de huesos a la ida.


Hoy me siento perplejo, como quien ha pensado y opinado y olvidado.
Hoy estoy dividido entre la lealtad que le debo
a la tabaquería del otro lado de la calle, como cosa real por fuera,
y a la sensación de que todo es sueño, como cosa real por dentro.


He fracasado en todo.
Como no me hice ningún propósito, quizá todo no fuese nada.
El aprendizaje que me impartieron,
me apeé por la ventana de las traseras de la casa.
Me fui al campo con grandes proyectos.
Pero sólo encontré allí hierbas y árboles,
y cuando había gente era igual que la otra.
Me aparto de la ventana, me siento en una silla. ¿En qué voy a pensar?
¿Qué sé yo del que seré, yo que no sé lo que soy?
¿Ser lo que pienso? Pero ¡pienso ser tantas cosas!
¡Y hay tantos que piensan ser lo mismo que no puede haber tantos!
¿Un genio? En este momento
cien mil cerebros se juzgan en sueños genios como yo,
y la historia no distinguirá, ¿quién sabe?, ni a uno,
ni habrá sino estiércol de tantas conquistas futuras.
No, no creo en mí.
¡En todos los manicomios hay locos perdidos con tantas convicciones!
Yo, que no tengo ninguna convicción, ¿soy más convincente o menos convincente?


No, ni en mí...
¿En cuántas buhardillas y no buhardillas del mundo
no hay en estos momentos genios-para-sí-mismos soñando?
¿Cuántas aspiraciones altas y nobles y lúcidas
-sí, verdaderamente altas y nobles y lúcidas-,
y quién sabe si realizables, no verán nunca la luz del sol verdadero
ni encontrarán quien les preste oídos?
El mundo es para quien nace para conquistarlo
y no para quien sueña que puede conquistarlo, aunque tenga razón.
He soñado más que lo que hizo Napoleón.
He estrechado contra el pecho hipotético más humanidades que Cristo,
he pensado en secreto filosofías que ningún Kant ha escrito.
Pero soy, y quizá lo sea siempre, el de la buhardilla,
aunque no viva en ella;
seré siempre el que no ha nacido para eso;
seré siempre el que tenía condiciones;
seré siempre el que esperó que le abriesen la puerta al pie de una pared sin puerta
y cantó la canción del Infinito en un gallinero,
y oyó la voz de Dios en un pozo tapado.
¿Creer en mí? No, ni en nada.
Derrámame la naturaleza sobre mi cabeza ardiente
su sol, su lluvia, el viento que tropieza en mi cabello,
y lo demás que venga si viene, o tiene que venir, o que no venga.
Esclavos cardíacos de las estrellas,
conquistamos el mundo entero antes de levantarnos de la cama;
pero nos despertamos y es opaco,
nos levantamos y es ajeno,
salimos de casa y es la tierra entera,
y el sistema solar y la Vía Láctea y lo Indefinido.


(¡Come chocolatinas, pequeña,
come chocolatinas!
Mira que no hay más metafísica en el mundo que las chocolatinas,
mira que todas las religiones no enseñan más que la confitería.
¡Come, pequeña sucia, come!
¡Ojalá comiese yo chocolatinas con la misma verdad con que comes!
Pero yo pienso, y al quitarles la platilla, que es de papel de estaño,
lo tiro todo al suelo, lo mismo que he tirado la vida.)


Pero por lo menos queda de la amargura de lo que nunca seré
la caligrafía rápida de estos versos,
pórtico partido hacia lo Imposible.
Pero por lo menos me consagro a mí mismo un desprecio sin lágrimas,
noble, al menos, en el gesto amplio con que tiro
la ropa sucia que soy, sin un papel, para el transcurrir de las cosas,
y me quedo en casa sin camisa.


(Tú, que consuelas, que no existes y por eso consuelas,
o diosa griega, concebida como una estatua que estuviese viva,
o patricia romana, imposiblemente noble y nefasta,
o princesa de trovadores, gentilísima y disimulada,
o marquesa del siglo dieciocho, descotada y lejana,
o meretriz célebre de los tiempos de nuestros padres,
o no sé qué moderno -no me imagino bien qué-,
todo esto, sea lo que sea, lo que seas, ¡si puede inspirar, que inspire!
Mi corazón es un cubo vaciado.
Como invocan espíritus los que invocan espíritus, me invoco
a mí mismo y no encuentro nada.
Me acerco a la ventana y veo la calle con absoluta claridad,
veo las tiendas, veo las aceras, veo los coches que pasan,
veo a los entes vivos vestidos que se cruzan,
veo a los perros que también existen,
y todo esto me pesa como una condena al destierro,
y todo esto es extranjero, como todo.)


He vivido, estudiado, amado, y hasta creído,
y hoy no hay un mendigo al que no envidie sólo por no ser yo.
Miro los andrajos de cada uno y las llagas y la mentira,
y pienso: puede que nunca hayas vivido, ni estudiado, ni amado ni creído
(porque es posible crear la realidad de todo eso sin hacer nada de eso);
puede que hayas existido tan sólo, como un lagarto al que cortan el rabo
y que es un rabo, más acá del lagarto, removidamente.


He hecho de mí lo que no sabía,
y lo que podía hacer de mí no lo he hecho.
El disfraz que me puse estaba equivocado.
Me conocieron enseguida como quien no era y no lo desmentí, y me perdí.
Cuando quise quitarme el antifaz,
lo tenía pegado a la cara.
Cuando me lo quité y me miré en el espejo,
ya había envejecido.
Estaba borracho, no sabía llevar el dominó que no me había quitado.
Tiré el antifaz y me dormí en el vestuario
como un perro tolerado por la gerencia
por ser inofensivo
y voy a escribir esta historia para demostrar que soy sublime.


Esencia musical de mis versos inútiles,
ojalá pudiera encontrarme como algo que hubiese hecho,
y no me quedase siempre enfrente de la tabaquería de enfrente,
pisoteando la conciencia de estar existiendo
como una alfombra en la que tropieza un borracho
o una estera que robaron los gitanos y no valía nada.


Pero el propietario de la tabaquería ha asomado por la puerta y se ha quedado a la puerta.
Le miro con incomodidad en la cabeza apenas vuelta,
y con la incomodidad del alma que está comprendiendo mal.
Morirá él y moriré yo.
Él dejará la muestra y yo dejaré versos.
En determinado momento morirá también la muestra, y los versos también.
Después de ese momento, morirá la calle donde estuvo la muestra,
y la lengua en que fueron escritos los versos,
morirá después el planeta girador en que sucedió todo esto.
En otros satélites de otros sistemas cualesquiera algo así como gente
continuará haciendo cosas semejantes a versos y viviendo debajo de cosas semejantes a muestras,
siempre una cosa enfrente de la otra,
siempre una cosa tan inútil como la otra,
siempre lo imposible tan estúpido como lo real,
siempre el misterio del fondo tan verdadero como el sueño del misterio de la superficie,
siempre esto o siempre otra cosa o ni una cosa ni la otra.


Pero un hombre ha entrado en la tabaquería (¿a comprar tabaco?),
y la realidad plausible cae de repente encima de mí.
Me incorporo a medias con energía, convencido, humano,
y voy a tratar de escribir estos versos en los que digo lo contrario.
Enciendo un cigarrillo al pensar en escribirlos
y saboreo en el cigarrillo la liberación de todos los pensamientos.
Sigo al humo como a una ruta propia,
y disfruto, en un momento sensitivo y competente,
la liberación de todas las especulaciones
y la conciencia de que la metafísica es una consecuencia de encontrarse indispuesto.


Después me echo para atrás en la silla
y continúo fumando.
Mientras me lo conceda el destino seguiré fumando.
(Si me casase con la hija de mi lavandera
a lo mejor sería feliz.)
Visto lo cual, me levanto de la silla. Me voy a la ventana.


El hombre ha salido de la tabaquería (¿metiéndose el cambio en el bolsillo de los pantalones?).
Ah, le conozco: es el Esteves sin metafísica.
(El propietario de la tabaquería ha llegado a la puerta.)
Como por una inspiración divina, Esteves se ha vuelto y me ha visto.
Me ha dicho adiós con la mano, le he gritado ¡Adiós, Esteves! , y el Universo
se me reconstruye sin ideales ni esperanza, y el propietario de la tabaquería se ha sonreído." (Fernando Pessoa)

Si yo fuera algo, quería ser un verso de Fernando Pessoa.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Fernando Pessoa, Lisboa e, por acaso, euzinha




"Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas ...
Que já têm a forma do nosso corpo ...
E esquecer os nossos caminhos que nos levam sempre aos
mesmos lugares ...
É o tempo da travessia ...
E se não ousarmos fazê-la ...
Teremos ficado ... para sempre ...
À margem de nós mesmos..." (Fernando Pessoa)



Estivemos em Lisboa na Semana Santa. E, apesar do muito que sentí, e do que teria a relatar, estou tentando ser fiel (ou quase) ao meu compromisso disciplinado de não dedicar-me a nada mais que não seja NEUROMARKETING, meu doutorado (ui!!!!). De qualquer forma, imaginando que Fernando Pessoa pode também me inspirar nesta mesma tarefa, resolvi revisitá-lo um bocadinho. E deixo registrada aqui a minha admiração por ele.

Fomos a um restaurante que tem em suas paredes a memória viva da sua passagem por ali, fotos, poemas, vibrações. Por breves momentos, me senti transportada para o início do século XX; me sentei à mesa ao lado; observei-o enquanto escrevia; lhe dei um "boa tarde!" - que, absorto, não correspondeu ao cumprimento; comi bolinhos de bacalhau; tomei um gole de um bom vinho português; observei-o mais uma vez... Direto do túnel do tempo, euzinha, ali, no mesmo ambiente que outrora foi para ele, inspiração. Por um momento, me senti quase cúmplice; tiete de segunda...

É... É mesmo melhor deixar por aqui. Poucas pessoas sabem traduzir tão bem simplesmente... TUDO.



"Sempre é preciso saber quando uma etapa chega ao final...
Se insistirmos em permanecer nela mais do que o tempo necessário, perdemos a alegria e o sentido das outras etapas que precisamos viver.
Encerrando ciclos, fechando portas, terminando capítulos. Não importa o nome que damos, o que importa é deixar no passado os momentos da vida que já se acabaram.
Foi despedida do trabalho? Terminou uma relação? Deixou a casa dos pais? Partiu para viver em outro país? A amizade tão longamente cultivada desapareceu sem explicações?
Você pode passar muito tempo se perguntando por que isso aconteceu....
Pode dizer para si mesmo que não dará mais um passo enquanto não entender as razões que levaram certas coisas, que eram tão importantes e sólidas em sua vida, serem subitamente transformadas em pó. Mas tal atitude será um desgaste imenso para todos: seus pais, seus amigos, seus filhos, seus irmãos, todos estarão encerrando capítulos, virando a folha, seguindo adiante, e todos sofrerão ao ver que você está parado.
Ninguém pode estar ao mesmo tempo no presente e no passado, nem mesmo quando tentamos entender as coisas que acontecem conosco.
O que passou não voltará: não podemos ser eternamente meninos, adolescentes tardios, filhos que se sentem culpados ou rancorosos com os pais, amantes que revivem noite e dia uma ligação com quem já foi embora e não tem a menor intenção de voltar.
As coisas passam, e o melhor que fazemos é deixar que elas realmente possam ir embora...
Por isso é tão importante (por mais doloroso que seja!) destruir recordações, mudar de casa, dar muitas coisas para orfanatos, vender ou doar os livros que tem.
Tudo neste mundo visível é uma manifestação do mundo invisível, do que está acontecendo em nosso coração... e o desfazer-se de certas lembranças significa também abrir espaço para que outras tomem o seu lugar.
Deixar ir embora. Soltar. Desprender-se.
Ninguém está jogando nesta vida com cartas marcadas, portanto às vezes ganhamos, e às vezes perdemos.
Não espere que devolvam algo, não espere que reconheçam seu esforço, que descubram seu gênio, que entendam seu amor. Pare de ligar sua televisão emocional e assistir sempre ao mesmo programa, que mostra como você sofreu com determinada perda: isso o estará apenas envenenando, e nada mais.
Não há nada mais perigoso que rompimentos amorosos que não são aceitos, promessas de emprego que não têm data marcada para começar, decisões que sempre são adiadas em nome do "momento ideal".
Antes de começar um capítulo novo, é preciso terminar o antigo: diga a si mesmo que o que passou, jamais voltará!
Lembre-se de que houve uma época em que podia viver sem aquilo, sem aquela pessoa - nada é insubstituível, um hábito não é uma necessidade.
Pode parecer óbvio, pode mesmo ser difícil, mas é muito importante.
Encerrando ciclos. Não por causa do orgulho, por incapacidade, ou por soberba, mas porque simplesmente aquilo já não se encaixa mais na sua vida.
Feche a porta, mude o disco, limpe a casa, sacuda a poeira. Deixe de ser quem era, e se transforme em quem é. Torna-te uma pessoa melhor e assegura-te de que sabes bem quem és tu próprio, antes de conheceres alguém e de esperares que ele veja quem tu és..
E lembra-te : Tudo o que chega, chega sempre por alguma razão" (Fernando Pessoa)

quarta-feira, 24 de março de 2010

Maria Rita em Madrid

Uma passadinha pra divulgar o show de Maria Rita em Madri. Será no dia 15 de maio, na Sala Riviera. Uma amiga me informou a respeito e confirmei pelo Movida Brasileña e na Comunidade Brasil en España do elpaís. Podes comprar por aqui.

segunda-feira, 1 de março de 2010

Rock in Rio Madrid

Vai rolar o Rock in Rio Madrid.  Yo voy. ¿Y tu? Se estás em Lisboa, também podes buscar aqui.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

É Carnaval...¿É Carnaval?

É cada vez mais raro eu escrever por aqui, mas aproveito e faço um pit stop do pit stop para ouvir boa música e lembrar, num frio de 1 grau, que é carnaval aqui(?!) e em alguns cantos do mundo... e em Pernambuco... e no Brasil...